Economia
Conversa Capital
"Luís Montenegro é o maior risco para a estabilidade deste Governo", acusa Vieira da Silva
O antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social, José António Vieira da Silva, acusa o primeiro-ministro de ser "o maior risco para a estabilidade deste Governo" e diz que, com o pacote da imigração, Luís Montenegro fez "uma aliança efetiva" com a extrema-direita.
Vieira da Silva aconselha ainda que o PS, como resposta aos ataques da direita e ao enfraquecimento da esquerda, faça "pedagogia democrática", mas não tem de se "pôr em bicos dos pés para ser parceiro preferencial" porque "não há um trio negocial".
Em entrevista ao programa Conversa Capital, da Antena 1 e Jornal de Negócios, Vieira da Silva considera que Montenegro "é o maior risco para a estabilidade deste Governo".
O antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social considera que a política de imigração do Governo e do Chega vão levar a bloqueios no mercado de trabalho.
Lembra que nos últimos 10 anos o número de trabalhadores dependentes a contribuir para a Segurança Social cresceu mais de 1 milhão de pessoas.
Considera que se pode olhar para este movimento de duas formas: ou como uma oportunidade ou diabolizando e, diz, o Governo escolheu a segunda forma ao fazer uma "aliança efetiva com o Chega".
Uma aliança que, no entanto, Vieira da Silva não acredita se estenda às alterações às leis laborais. Nesta matéria, o antigo responsável pela pasta do trabalho, espera que o parceiro privilegiado seja a concertação social.
Considera também que o PS "não tem de se pôr em bicos dos pés" para ser parceiro preferencial de ninguém porque não há "um trio para negociar".
Em resposta à extrema-direita e à aliança com o Governo, Vieira da Silva aconselha o PS a fazer "pedagogia democrática".
Reconhece que a esquerda está enfraquecida e esta situação estende-se ao movimento sindical. Adianta mesmo que este desinteresse da esquerda no sindicalismo se reflete mais na UGT.
Ainda em matéria laboral, olhando para o Programa do Governo, Vieira da Silva diz que se "agitam alguns fantasmas", como é o caso de as pessoas recusarem trabalho e preferirem prestações sociais.
O antigo ministro lembra que essas pessoas o que recusam é o trabalho formal porque estão a trabalhar fora do sistema e por isso conclui: "tem de se combater a economia paralela, não é as prestações sociais".
Sobre a introdução de regimes complementares às pensões, aplicados de forma automática, Vieira da Silva considera que pode ser "precipitado e aventureiro" fazê-lo à custa das contribuições para a segurança social até porque os que entraram agora no sistema mais tarde também terão direito à reforma e a outras prestações.
Entrevista conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Catarina Almeida Pereira, do Jornal de Negócios.